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quinta-feira, 19 de maio de 2011

O perigo do deleite



Deixa eu ficar aqui, sem perturbar ninguém, quieta no meu canto até chegar a sombra da morte e me lembrar que preciso viver. 


Priscilla Acioly, 20/05/2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Her and... her.


- Do not touch my arm while we're talking.
She was behaving strange again.
- Why not?
She kept quiet.
- I hate when you do that, Kath.
- I asked you a simple request.
- Can I know why every time we see each other you've been acting like a fool?
- No.
- Fine.


Silence.


- Because when you touch me, any how, I get back to those feelings that I can't help.
- I'm sorry, Kath. I don't know why you put things so hard to me. We used to be perfect together. As friends.  
- I agree.
- I wish things could be fixed. I wish we could return eight months ago, when you'd look at me and laugh and have a good time. When we could talk for hours about everything, when you'd ask me about sex without any embarassing. When you'd act just like my best girl and friend. When you would even be happy by meeting my girlfriend. Don't get me wrong, I do like you, and maybe I actually love you but...
- But you can't stay with me when you know that she lives in this world. And that she's your girlfriend. I completly understand you.


Unfortunately, she took the words from my mouth. My lovely Kath... could I be punished for not loving her as I loved... her?


- Now go ahead. Go home - she said.
- And I see you again...?
- When you break up with her.
- What if I don't?
- Then, when you marry her. I'll be there for you.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Amo aquela terça, aquela terça é ela.



Era uma das terças-feiras que a gente costumava passar jogando conversa fora no Bar do Beco. Só que nesse dia o assunto nem era tão lixo assim. Ela estava usando uma saia azul que eu nunca tinha visto, suas coxas grossas eram lindas. Por que ela só usava calça jeans?

- ... e eu não sei mais o que fazer, entende?

Voltei de súbito para a conversa, esquivando-me de suas silhuetas. Sobre o que ela estava falando? Procurei em seus olhos. A dor instalada. Ah, sim, falava dele.
- Entendo. Já pensou em esquecer ele?
- Já, claro que já. Penso nisso toda hora. Mas não dá, eu gosto dele... não deveria, mas gosto. Já tô de saco cheio disso tudo.

Ela deu uma pausa para um gole de café. Odiava o fato de ela amar café e começar a falar dos problemas pessoais como um papagaio. Por que as mulheres acham que só porque estão sofrendo precisam sair contando a todo mundo? O café deixa ela mais agitada e passional, e aí fico mais irritado ainda. Ela não se preocupava se estivesse muito quente, e sempre reagia da mesma forma gritando um ‘ai’ e assoprando a própria língua. Eu sempre ria.

           
- Eu percebi que eu gostava dele num dia quando a gente tava andando no parque que tem perto de casa. Por algum motivo bobo a gente acabou discutindo... acho que estávamos falando sobre política e – ela deu um riso de lembrança – eu disse que ia embora. E fui. Cheguei em casa ele tinha deixado uma mensagem no meu telefone. Sabe o que era?
          
 - Hã? – Perguntei entediado. Ao mesmo tempo, queria saber o que o cretino tinha dito pra conquistá-la.
          
 - “Você fica linda irritada. Vem aqui em casa amanhã, não é um pedido”.
           
- Parece que elogiar sempre funciona com as mulheres, não é mesmo?
           
- Não! Mas não foi a parte do linda que me chamou atenção. Na verdade, a segunda parte. Eu nunca conseguiria não estar na casa dele no dia seguinte.           

                      
Agora sim era meu fim. Ela gosta de homens que mandam nela, eu, ao contrário, sou um completo babaca. Sou paciente, tolerante, generoso, bem-humorado... aquela pior espécie de homem que cai na maior armadilha no quesito relações com as mulheres: sou amigo. E ela consegue ser tão burra a ponto de achar que sou mesmo amigo dela, assim, de graça. Bem que meu pai dizia: “Mulheres? Só as tenha por perto se elas frequentarem todos os lugares que você frequenta, inclusive sua cama”. Ele estava certo. Talvez se eu fosse mais rude, menos frouxo, talvez se eu deixasse minha barba levemente por fazer ao invés de ora estar com a cara limpinha e ora deixá-la com um amontoado de pêlos, eu não sei, quem sabe elas veriam algo de notável. Eu deveria ignorar a Bebel, falar como machista no meio dos meus amigos quando ela estivesse presente, em vez de tentar defendê-la. Tinha que parar de responder às mensagens chatas que ela me mandava para o celular, parar de insistir em ajudar a carregar a mochila, a pagar os cafezinhos das terças-feiras. O problema era esse... eu dei à Bebel a chance de ter um homem sem ela nem precisar conquistar.       


Voltei de meus pensamentos e vi que o clima tinha mudado. Será que ainda estávamos conversando? Provavelmente sim, se não ela já teria me chamado atenção como sempre faz com aquele jeito autoritário. Mas o que será que devo ter falado? Não lembro. Mas ali, naquele instante, pela primeira vez percebi que ela realmente gostava do cara. Ela tinha olhos de quem gostava de alguém que não gostava dela. Eu a abracei, bem forte. Claro que foi bom sentir o corpo dela no meu e, não pense que sou um tarado, de início minha intenção foi essa mesmo. Mas depois, depois eu esqueci que os seios dela roçavam no meu peito, esqueci que ela era perfeita, esqueci que ela era a Bebel. Senti parte da minha camisa molhada. A apertei mais ainda em mim.


- Bebel, por favor, não chora... quando você faz isso eu...
Ela engoliu o choro e respondeu em voz trêmula.
- Mas você não sabe como é a sensação de ouvir da boca de quem você gosta dizer que está apaixonado por outra pessoa. 
- Acabei de saber.



Priscilla Acioly, 05/05/2011