Vim lhes contar o que vi. Era noite, uma senhora costurava um suéter e um casal beijava-se debaixo de uma árvore quando... Era noite de neblina e vaga-lumes, uma senhora gorda costurava um suéter azul e um casal beijava-se intensamente debaixo de uma amendoeira. De repente... Era uma incrível noite de lua cheia, uma senhora gorda e misteriosa costurava um suéter quando viu um casal aproximando-se sob à luz do luar, mas na verdade
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quinta-feira, 13 de maio de 2010
Quem passa e não vê
Este blog começa assim. Sem voz, sem estardalhaço. A primeira estória que conto, não é mentira, nem verdade.
A menina andava pela rua distraída e sonolenta.
Ela olha para um pedaço de papel sujo no chão e pisa em cima dele, seguindo caminho em frente.
O menino andava pela rua bem rápido, parecia fuga.
Carregava algo dentro do bolso - algum pertence alheio, provavelmente.
O pedaço de papel gruda em seu sapato por uns segundos, logo solta e volta ao chão.
A senhora andava pela rua bem devagar, qual uma tartaruga.
Ajeitou os óculos na cara. O papel estava bem ali embaixo do seu nariz.
A senhora deu meia-volta. Esquecera o remédio dos ossos.
O bêbado andava pela rua cambaleante.
Cantarolou qualquer coisa num tom desafinado e feio, deu bom dia a pessoas invisíveis. Continuou o caminho, ignorando o pedaço de papel.
A mulher andava pela rua aflita, olhando apenas para os céus desejando a providência divina. Tão agustiada estava que enfiou o pé na poça e, antes que pudesse prosseguir, atravessou a rua, mudou de calçada... e o papel estava lá.
Um gato sem dono andava pela rua atento e faminto. Avistou algo azul, era um peixe. E foi ali que o gato sagaz matou sua fome.
Comeu uma nota de cem.
Priscilla Acioly, escrito em 13/05/2010
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