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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Balde de Tinta


Fui lá fora e vi setecentas cores prontas para serem capturadas. Todas elas me olhavam esperando que eu agisse rápido e prontamente. As cores mais claras me convocavam delicadamente. As mais escuras diziam: O que está esperando, Maria? Andei apressada com o balde na mão. Imitei, imitei e imitei as cores ao meu redor. Aquarelas são simplesmente mágicas nesse momento. As cores frias me empurraram para um abismo tão imenso de idéias que eu me perguntei como o nada, o vazio... poderia conter tudo? Vi espelhos e seres disformes que pairavam sobre cores suaves. Observei bastante névoa ao meu redor, um clima bastante calmo e silencioso. Branco. Tão silencioso que chegava a ser pertubador para os meus ouvidos. O silêncio quase foi capaz de me deixar surda. Lá, fiquei submersa por tanto tempo que já não lembro quantas linhas, formas ou tons misturei no cavalete. Por outro lado, quando as cores quentes me capturaram, elas me trouxeram para um mundo totalmente invertido. Vi tudo e todos de ponta-cabeça. Havia barulho, rapidez e movimentos drasticamente vermelhos e excitantes. Uma violenta onda de todas as coisas mais histéricas que já vi!Tudo era externo, palpável, visível. Tudo que já tinha a essência, a emoção... agora ganhara vida.  E foi aí que realmente reconheci os espectros do meu mundo - mais conhecido como: obra de arte.
           

            Priscilla Acioly, 06/11/09

Um comentário:

  1. O bom de se morar em uma obra de arte é que, nela, o cotidiano é extraordinário.

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